O presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, acusou Marco Polo Del Nero, seu antecessor e ex-padrinho político, de ter feito uma proposta de acordo no valor de R$ 12 milhões para evitar que uma funcionária da CBF apresentasse uma denúncia de assédio sexual e moral contra Caboclo. A denúncia foi apresentada na Comissão de Ética da CBF no dia 4 de junho. Dois dias depois, Caboclo foi afastado da presidência da CBF por 30 dias, prazo que está prestes a vencer. Del Nero, que desde 2018 está banido pela Fifa mas mantém grande influência na CBF, foi procurado pela reportagem, mas ainda não se pronunciou. A CBF tampouco se pronunciou.A defesa da funcionária sustenta que ela nunca fez nenhum pedido de dinheiro. De acordo com os advogados dela, houve uma oferta por parte de Rogério Caboclo, que ela recusou. Segundo a denúncia apresentada à Comissão de Ética da CBF, o acordo oferecido exigia que ela desse declarações falsas a jornalistas e assinasse um documento desmentindo que houve assédio.
A acusação contra Del Nero foi feita numa nota
distribuída por Caboclo à imprensa nesta quinta-feira. O presidente afastado da
CBF anexou a cópia de um bilhete, que ele diz ter sido escrito por Del Nero,
com os cálculos que resultaram no valor de R$ 12 milhões. A nota distribuída por Rogério Caboclo ocorre
no dia em que a diretoria da CBF se reúne para traçar uma estratégia que
resultaria na destituição ou na ampliação do período de seu afastamento.
A acusação formulada nesta quinta-feira por Caboclo é seu
movimento mais incisivo contra Marco Polo Del Nero, de quem foi pupilo. O
primeiro ataque se deu no dia 18 de junho, numa nota enviada ao ge, na qual
afirma que seu afastamento se deu por causa uma armação do ex-presidente da
CBF.
A íntegra da nota de Rogério Caboclo:
O presidente da CBF, Rogério Caboclo, revela mais uma
prova contundente de que Marco Polo Del Nero, ex-presidente da confederação
banido do futebol, foi quem trouxe a proposta de R$ 12 milhões para evitar que
uma funcionária protocolasse uma acusação no Conselho de Ética da entidade e a
tornasse pública. Trata-se de uma anotação feita à mão por Del Nero apontando o
valor de R$ 12,409 milhões, quantia que deveria ser paga pela CBF como uma
indenização à funcionária em troca da não apresentação da acusação. Logo à
frente do número 12.409 foi escrito: “corresp [correspondente] 20 anos de
salário, transferindo ao valor presente a uma taxa [de correção] de 2,75 [%]
anual”.
A negociação proposta por Del Nero e por seus aliados
exigia inicialmente R$ 12 milhões, correspondentes ao pagamento dos vencimentos
mensais até a ocasião da aposentadoria da funcionária, mediante sua imediata
demissão para que essa acusação não fosse apresentada à Comissão de Ética e
tornada pública.
Este documento é a prova cabal de que as acusações contra
Rogério Caboclo fazem parte de um golpe orquestrado por Marco Polo Del Nero
para plantar aliados no comando da CBF e, assim, voltar a dar as cartas na
entidade. Neste momento, os comandados por Del Nero que ainda pertencem aos
quadros da CBF preparam mudanças ilegais no estatuto da entidade para tentar
impedir Rogério Caboclo de voltar ao cargo.
Em reunião marcada para sexta-feira (2/7/2021), eles
ainda pretendem incluir no estatuto uma regra que permita a ampliação do prazo
do afastamento do presidente da CBF para, assim, atender seus interesses
particulares e momentâneos. Trata-se de um passado que não queremos de volta,
marcado por múltiplos escândalos de corrupção e vários processos criminais.
As mudanças estatutárias que estão sendo orquestradas
pelos meus adversários são ilegais, conforme parecer do jurista Fábio Ulhoa
Coelho, professor titular de direito da PUC (Pontifícia Universidade Católica)
de São Paulo.
0 Comentários