Ubaitaba, na verdade, já está em festa desde a primeira medalha de Isaquias. Mas o auge foi neste sábado. O comércio fechou. Várias ruas ficaram desertas. Na quadra do Centro Educacional Ubaitabense, um telão foi montado para todos acompanharem o ídolo da cidade. Uma hora antes da prova, jovens circulavam pela rua com seus remos depois dos treinos e aumentavam a ansiedade: "Já estava nervosa pela prova do Isaquias. Aí vejo esses meninos na rua com os remos, meu coração quase sai pela boca", disse uma moradora que voltava da feira.
Ruas de Ubaitaba ficaram desertas. Todos estavam ligados em Isaquias (Foto: Thierry Gozzer)
À beira do Rio das Contas, onde Isaquias deu as primeiras remadas, o movimento na feira era menor. Em cada esquina, faixas desejavam sorte e já se preparavam para recebê-lo na próxima semana. A cada minuto que a prova se aproximava, uma procissão de pessoas subia a ladeira para torcer pelo "amigo", "vizinho", "pelo menino do carrego da feira"...
- Hoje não têm trabalho. É dia de torcer pelo nosso menino. O ouro não veio, mas não tem problema. O Isaquias é um herói. As pessoas ainda não perceberam o tamanho e a importância da conquista dele. O filho da dona Dilma fez história. Que orgulho ver que Ubaitaba tem o maior atleta olímpico do Brasil com três medalhas em uma só Olimpíada - disse o comerciante Juvêncio Santos, que esteve na quadra da escola e só trabalhou depois da festa. Assim que a final do C2 1.000 começou, os gritos foram efusivos. Erlon e Isaquias levantaram a multidão. Os primeiros 500 metros foram de domínio da dupla baiana e era impossível não se contagiar pela energia do local. A cada remada, fogos estouravam. Na segunda metade da disputa, apreensão ao ver os russos e alemães encostarem. Os gritos deram lugar ao silêncio. A reta final se aproximou e a torcida se dividiu entre a dúvida e a certeza da vitória. Os alemães levaram a melhor no fim, mas a confirmação da prata para Isaquias e Erlon fez a tristeza ir embora. Mais fogos, festa e abraços na escola.
- Foi o auge da festa. Para quem é da canoagem e luta todo dia pela modalidade aqui no Rio das Contas, foi uma festa inesquecível, um momento emocionante. O Isaquias uniu a cidade e nos fez festejar - comentou Camila Lima, presidente da Associação Cacaueira de Canoagem.
Torcida em Ubaitaba - cidade de Isaquias Queiroz (Foto: Thierry Gozzer)
Na hora do pódio, o aceno do filho ilustre parecia ser direcionado para Ubaitaba e não para a câmera. O coração de Isaquias com a prata em mãos causou frisson. Empolgados, a maioria partiu para a carreata que circulou pelas poucas ruas da pequena Ubaitaba, que na língua indígena significa "Cidade das Canoas". Aos poucos, cada um foi comemorar a sua maneira.
Churrasco, mocotó, uma cerveja gelada... As medalhas de Isaquias trouxeram orgulho para um povo sofrido, mas que brada e bate no peito pra dizer que o maior atleta olímpico do país em uma única edição de Olimpíada saiu do Rio das Contas. Do interior da Bahia para a eternidade.
Quadra em Ubaitaba, onde a torcida se concentrou, ficou lotada para ver o herói (Foto: Thierry Gozzer)
Fonte: Ge
Fonte: Ge
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