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Pai de torturadora defende filha presa: 'Quem não fez uma loucura por amor?'

Elisângela gravou depoimento falando sobre as agressões (Foto: Reprodução/Facebook)O pai da jovem Elisângela Maciel Fernandes, apontada como a autora de uma série de torturas contra uma adolescente de 17 anos em Praia Grande, no litoral de São Paulo, diz que a filha fez uma "loucura por amor". Ele defende que Elisângela sofreu durante o período em que se relacionou com Diego da Silva Santos, o "Bolinho", porque a vítima das agressões perseguia o rapaz na esperança de reatar um relacionamento que ambos tiveram no passado.
Elisângela foi presa na tarde desta segunda-feira (27) após prestar depoimento na Delegacia da Mulher de Praia Grande. A delegada responsável pelo caso, Rosemar Cardoso, manteve a suspeita detida após verificar que ela não possuía título de eleitor, o que abriu a possibilidade da prisão ocorrer mesmo durante o período eleitoral. A jovem não seria considerada eleitora, por não possuir um registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O pai de Elisângela, que prefere não se identificar, afirma que notou uma mudança no físico da filha com o passar dos meses, após ela começar a se relacionar com "Bolinho". “Eu mesmo quase não paro em casa. Estou sempre viajando a trabalho, mas chegou a um ponto em que eu perguntei para minha esposa o que havia acontecido com a minha filha. Ela estava magra demais, pensei até que estivesse doente. Foi quando minha mulher disse que era por conta do rapaz, que ela estava sofrendo demais por causa dele, aborrecimento com a ex-namorada dele”, afirma.
Elisângela sai algemada da Delegacia da Mulher de Praia Grande, SP (Foto: LG Rodrigues/G1)Elisângela sai algemada da Delegacia da Mulher
de Praia Grande, SP (Foto: LG Rodrigues/G1)
O pai da jovem afirma estar perplexo e diz que o caso acabou afetando não apenas a suspeita, mas toda a família. “A gente não esperava por isso, mas eu tenho uma pergunta para fazer. Quem não fez uma loucura por amor? É o caso dela. Ela se apaixonou e ficou quatro meses com esse rapaz. Foram quatro meses de sofrimento, porque a outra menina postava direto no Facebook dela, brigava por causa desse rapaz, então teve uma tortura de quatro meses antes”, relata.
O homem explica que não assistiu ao vídeo que mostra as agressões realizadas por Elisângela contra a adolescente. “Eu não vi o vídeo ainda. Não é nem questão de coragem, o porquê eu não sei. Cada um fala uma coisa, mas é minha filha, vou defender ela de qualquer maneira”, diz.
Além disso, ele afirma que a filha já estava com a intenção de se entregar nesta segunda-feira e não pretendia aproveitar o período eleitoral. “Espero que a Justiça seja feita. Hoje ela veio aqui não para ludibriar a Justiça e sim para se entregar. Ela cortou o cabelo e tirou os piercings. Até no meio do caminho foi combinado que a ideia era se entregar, porque ela tem um filho pequeno e quem erra tem que pagar” conclui.
Elisangela se apresenta na Delegacia da Mulher, em Praia Grande (Foto: LG Rodrigues/G1)Elisangela se apresentou na Delegacia da Mulher, em Praia Grande, no litoral de SP (Foto: LG Rodrigues/G1)
Título de eleitor= O fato de Elisângela não possuir título de eleitor pode ter ocasionado outros problemas à jovem, além de sua prisão. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o documento é obrigatório a todos os cidadãos com mais de 18 anos e facultativo para quem tem entre 16 e 18 anos, ou mais de 70. O título é também opcional para cidadãos não alfabetizados. Quem não possui o título, ou se o mesmo encontra-se cancelado, não pode solicitar a emissão de passaporte ou do cartão do CPF, inscrever-se em concursos públicos, renovar a matrícula em estabelecimentos oficiais de ensino, obter empréstimos em caixas econômicas federais e estaduais, entre outras restrições.
Jackeline Justino de Souza, de 21 anos, é suspeita de ser cúmplice de tortura em Praia Grande, SP (Foto: Reprodução/Facebook)Jackeline Justino de Souza é suspeita de ser
cúmplice da tortura (Foto: Reprodução/Facebook)
Desdobramentos= Além de Elisângela, a jovem Jackeline Justino de Souza, de 21 anos, foi indiciada pelas agressões. Ela se apresentou espontaneamente no dia 7 de outubro e acabou sendo presa. A advogada da suspeita, Sabrina Dantas, entrou com um pedido de revogação da prisão temporária, que foi negado pela 2ª Vara Criminal da Justiça de Praia Grande. Durante entrevista ao G1, Jackeline, que já havia respondido por outro caso de agressão,negou ter participado do crime. "Eu estava no local, mas apenas gravei. Não tinha como pedir ajuda porque o apartamento estava trancado. Insisti para que a Elisângela parasse. Falei que a vítima poderia morrer", explicou.
Após a prisão de Jackeline, Elisângela, que estava desaparecida, resolveu gravar um vídeo dando a sua versão sobre a agressão. O vídeo foi feito em comum acordo com o advogado da suspeita e ela afirmou estar arrependida. Segundo Elisângela, a agressão ocorreu porque a vítima perseguia insistentemente o namorado dela, tentando de todas as maneiras interferir no relacionamento. "Ela falava que ia ficar com ele e mandava mensagens. Ele sempre me mostrou e falou que ela era uma vagabunda. Tentei falar com a mãe dela para não me complicar porque ela é menor de idade. A mãe prometeu dar um jeito, mas não adiantou nada. Nenhuma mulher tem sangue de barata. Bati nela porque ela é safada. Agora está se fazendo de coitada", afirmou.
Já a jovem torturada, uma adolescente de 17 anos, afirma que foi sequestrada e espancada após Elisângela suspeitar de uma traição. Segundo ela, o crime ocorreu no dia 30 de setembro. Em entrevista do G1, ela disse nunca ter se relacionado com o rapaz enquanto ele estava com a outra. "Ela não tem que fazer isso com ninguém. Não tem preço o que ela fez. Espero que ela amargue na cadeia, que é o lugar dela", criticou a jovem que, além das queimaduras causadas pelo cigarro, sofreu uma deformação no crânio.
Segundo a delegada Rosemar Cardoso, três agressoras foram identificadas, incluindo Elisângela, já que outras duas mulheres ajudaram na ação. “Houve o sequestro, o cárcere na casa e a tortura. Era a casa onde ela [agressora] morava com ele”, afirmou a delegada. O crime por tortura tem pena de dois a oito anos e pode aumentar de um sexto até um terço, caso o crime seja cometido contra uma adolescente e mediante sequestro. Além disso, é inafiançável. “A investigação vai continuar para encontrar todas as agressoras”, conclui a delegada.

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