Melhor ataque. Melhor defesa.
Maior número de vitórias. Goleador do campeonato. E campeão. Quatro vezes
campeão – tantas vezes campeão, como diz seu hino. A contagem regressiva do
Fluminense terminou neste domingo, em Presidente Prudente, com a vitória de 3 a
2 sobre um Palmeiras agonizante, que cambaleia rumo à Série B. A supremacia foi
tão grande, a campanha foi tão superior, que os tricolores se permitem o luxo
de transformar em festa as três rodadas finais do Brasileirão.
Fred foi decisivo, destruidor. Fez
dois gols e forçou Maurício Ramos, do Palmeiras, a marcar outro contra. De nada
adiantaram os gols de Barcos e Patrick Vieira para o Verdão. O rebaixamento é
iminente para os paulistas. O título é definitivo para os cariocas.
E vale o clichê: parece que tem
que ser sempre com um sofrimento danado, sempre com uma emoção desumana. O
Fluminense abriu 2 a 0, cedeu o empate e fez mais um perto do final. O empate
do Atlético-MG com o Vasco em São Januário não deixou ressalvas. Não há mais
tempo, espaço, rodadas que tirem o título do Tricolor.
Com o resultado, o time do
multicampeão Abel Braga foi a impressionantes 76 pontos. Tem dez a mais do que
o Grêmio, que assumiu a vice-liderança ao bater o São Paulo. O Palmeiras, com
33, vive o inferno. É o 18º, sete abaixo do Bahia, o primeiro fora da linha da
queda - e que joga neste domingo.
A alegria tricolor, iniciada
neste domingo, terá seu auge dentro de uma semana, quando o Fluminense recebe o
Cruzeiro no Engenhão. No mesmo dia, o Palmeiras visita o Flamengo em Volta
Redonda.
A diferença é Fred
Se Fred tiver uma chance, até
pode acontecer de perder. Se tiver uma segunda, vá lá, existe a chance de a
bola não entrar. Mas uma terceira há de ser fatal. O primeiro tempo em
Presidente Prudente parecia avisar que chegaria o momento em que o centroavante
desequilibraria a balança da partida, bastante parelha. Pois chegou.
O camisa 9, tão decisivo ao longo
de todo o campeonato, alcançou todas as variantes em sua luta pelo gol. Na
primeira chance, viu Bruno espalmar; na segunda, observou a bola bater na
trave; na terceira, finalmente celebrou.
Ele fede a gol. Porque o natural
seria que o passe matemático de Rafael Sobis, aos 45 minutos, já rendesse gol
na conclusão de Wellington Nem. Mas não. Bruno espalmou. E Fred estava lá,
munido desse ímã que parece ter nas chuteiras – sempre hipnotizando a bola na
sua direção.
O gol foi precedido por forte
equilíbrio das duas equipes - os mandantes perderam Henrique, que levou uma
pancada de Bruno nas costelas. Se o Fluminense tinha Fred à espreita, o
Palmeiras contava com Barcos sempre disposto a incomodar. De costas, acossado
por Gum, ele conseguiu girar, mas concluiu para fora aos 18 minutos. Pouco
depois, teve uma chance rara. Na pequena área, mal marcado, subiu livre. E
cabeceou para fora.
A afobação do Palmeiras foi
visível. No início do jogo, até conseguiu controlar o jogo, deixar a bola sob
seu domínio – mas sempre acelerando as jogadas mais do que a partida pedia. No
desespero, exagerou em jogadas aéreas. Tentou otimizar seus ataques, buscou
atalhos, correu contra o relógio. Acabou tendo apenas 42% de posse nos 45
minutos iniciais e não mais que quatro finalizações. O Flu arriscou a gol dez
vezes.
O sofrimento, sempre ele
Não poderia dar mais certo. Mal
começava o segundo tempo em Presidente Prudente, e o Vasco alcançava o gol de
empate com o Atlético-MG em São Januário. A combinação de resultados dava o
título ao Fluminense. Não precisava mais nada. Era só esperar o tempo passar,
manter tudo como estava. Mas os tricolores queriam mais. E tiveram mais – para
o bem e para o mal.
Fred, aquele que fede a gol,
aquele que tem ímãs que chamam bolas nas chuteiras, foi novamente decisivo –
involuntariamente, mas foi. Aos oito minutos, ele se deslocou para a ponta direita
e decidiu cruzar para a área, onde estava Sobis – que antes, em posição
duvidosa, tivera um gol anulado. No meio do caminho, a bola desviou em Maurício
Ramos e encobriu Bruno. Era o segundo gol. Era a mão na taça. Era o prenúncio
do título.
Será? Faltava combinar com o
Palmeiras. Por mais trôpego que estivesse, por maior que fosse o desespero
alviverde, ainda havia vida no adversário. E havia Barcos. Após cobrança de
escanteio, a bola ficou viva na área e rumou na direção do Pirata. Ele não
perdoou. Renascia a esperança.
Eram 15 minutos. Quatro depois, o
empate. Novo cruzamento da direita, novo cabeceio, desta vez de Patrick Vieira.
E novo gol! Incrível: o 2 a 2 mudava tudo, tirava o título antecipado do
Fluminense, renascia o Atlético-MG em São Januário, dava alento ao Palmeiras.
O gol revolucionou a partida. Com
ele, o Palmeiras resolveu se jogar de vez para o ataque. Passou a agredir o
Fluminense, que ganhava espaço para o contra-ataque – em um deles, Marcos
Júnior foi puxado, mas a arbitragem não marcou nada. Maurício Ramos, aos 30
minutos, só não virou porque Diego Cavalieri fez defesa assombrosa.
O Fluminense seguia ameaçando.
Fred teve uma chance. Não fez. Mas faria depois. Faria porque sempre faz,
porque fede a gol, porque tem ímãs nas chuteiras. Eram 43 minutos do segundo
tempo. Jean, novamente gigantesco, cruzou da direita, e o centroavante fez.
Gol do Fluminense, gol do título, gol do
campeão, do tetracampeão, do clube tantas vezes campeão.Fonte: Globo
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