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Derrota aponta necessidade de renovação republicana, diz professor


A reeleição do democrata Barack Obama como presidente dos Estados Unidos, mesmo em meio a um cenário de crise nos Estados Unidos, evidencia a necessidade de renovação dos quadros do partido republicano, afirmou na manhã desta quarta-feira (7) Marcus Vinícius de Freitas, professor de relações internacionais da Faap. “Eles precisam atualizar-se em matéria de políticas, de discurso, que consigam envolver mais as minorias que não se encontram representadas no partido”, afirmou.
Obama conquistou pelo menos 303 votos no colégio eleitoral, contra 206 de Obama, segundo a apuração até as 9h30 desta quarta-feira (7). Apenas o estado da Flórida, com 29 delegados, ainda não foi definido. Como a eleição nos EUA é indireta, os 50 estados somam um total de 538 votos de seus colégios eleitorais. Entretanto, para vencer a eleição nos EUA, um candidato necessita de pelo menos 270 votos. Romney admitiu a derrota no início da madrugada desta quarta, no horário da Costa Leste dos EUA.
Para o professor, o partido precisa explorar uma nova liderança, como o senador Marco Rubio, da Flórida, que tem origem latina. “É uma forma de se aproximar dessa população, que ainda vê com desconfiança o voto republicano”.
O candidato a vice de Romney, Paul Ryan, poderia ser outra liderança, mas ainda precisa de amadurecimento, na opinião de Freitas. “Não acho que sai queimado, eles [os republicanos] tiveram uma representação muito grande, uma margem de votação muito elevada. O que denotou no entanto é que ele ainda tem um problema de imaturidade em razão da idade, embora fosse um candidato ideal, muito melhor do que a Sarah Pailin foi na eleição de 2008.”
O professor acredita que o prestígio e o carisma de Obama não conseguiram ser superados pelos republicanos, apesar de o democrata não ser mais o mesmo de 2008. “A pergunta é: por que o partido republicano não conseguiu seduzir o eleitorado no sentido de que os resultados da administração Obama não têm sido os melhores possíveis?”, questiona Freitas.
A ênfase dada por Romney à economia, que foi apontada como principal aspecto da campanha, não funcionou. “A repetição daquela ideia de 1992, de que era com a economia que as pessoas deveriam se preocupar, não foi o caso de 2012. Embora a situação econômica esteja pior do que na época”, disse o especialista, referindo-se à eleição do democrata Bill Clinton em 1992, contra o então presidente, o republicano George Bush.
“O que faltou talvez na mensagem do Mitt Romney, que ele não conseguiu transmitir, foi essa questão da esperança na sociedade americana, que Obama consegue transmitir por ser um bom orador”, afirmou.
Partido democrata
Freitas afirma relembra que o próprio partido democrata precisa começar a pensar na sucessão para 2016. “A próxima eleição é uma eleição de renovação de quadros. Serão todos candidatos novos. Obama precisa verificar no processo interno do partido como vão surgir os novos quadros”, afirmou.
Nesse contexto, o ex-presidente Bill Cliton tem um papel essencial. Importante na reeleição de Obama – seu discurso foi descrito como o principal da convenção democrata – ele deve começar agora a articular a candidatura de sua mulher, a atual secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
Ele teve uma atuação fora do normal, afinal, em 2008 eles não eram tão amigos assim. Será que isso é somente porque Hillary é secretária de Estado, ou é baseado única e exclusivamente na motivação em lançá-la como presidente daqui a quatro anos?” questiona.
Problemas para o futuro
Para o professor, apesar da reeleição com uma margem segura, Obama enfrenta alguns desafios no segundo mandato. Um dos principais é a questão do desemprego elevado – atualmente, 23 milhões de pessoas estão desempregadas no país. O democrata prometeu que esse número cairia para 14 milhões.
“Também no aspecto econômico ele precisa resolver o que vai fazer em relação aos cortes dados pelo presidente Bush em matéria de tributação, além de definir como vai reduzir a dívida dos EUA”, afirma Freitas. “Obama acredita que o estado tem que ter um papel de maior preponderância na economia. É preciso ver se esse modelo não significará necessariamente um aprofundamento do tamanho da dívida.”

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