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Grito dos Excluídos 2012


QUEREMOS UM ESTADO A SERVIÇO DA NAÇÃO
A fala humana mesmo em meio a um imenso turbilhão de barulhos, será sempre inconfundível. "A mais tênue palavra, o menor gemido, o olhar mais tímido ou até mesmo o grito silenciado se erguem mais alto do que a batida ritmada das botas de um pelotão de soldados, ou do troar dos canhões".
O Grito dos Exc1uidos vem confirmar isso. A guerra é travada pelo mercado, pe1a concorrência e pela competitividade. Eles querem o lucro e a acumulação de capital. Para eles o fim justifica os meios. O bombardeio estridente e ensurdecedor do marketing, da propaganda e da publicidade invadem campos e ruas. E por onde passam, vão destruindo florestas, contaminando águas, poluindo o ar, devastam o planeta e ferem a dignidade humana.
No meio desse cenário de destruição surgem iniciativas populares que visam dar um novo sentido à vida humana e á própria civilização. É a sabedoria indígena do bem viver que prioriza o cuidado, a convivência pacifica e a preservação da vida em todos os sentidos. Do chão surgem brotos vivos e novos que levam a repensar um novo tipo de Estado. Um projeto de poder que visa superar os privilégios de poucos e se volta para as necessidades básicas da população mais carente, um verdadeiro projeto de nação, que prioriza a saúde pública e a vida.
Neste ano de 2012 acontece a 18ª edição nacional do Grito dos Exc1uidos, e aqui na diocese de Ilhéus temos a 17ª edição. Este ano o Grito visa combater o esquema tão conhecido pela a metáfora de Gilberto Freire. O Brasil mantém perversamente a dupla forma política, uma para a Casa Grande e outra para a Senzala: sistema de educação e saúde, transporte e segurança, habitação diferentes para os que ocupam o andar de cima da pirâmide social e outra para os de baixo; benesses e privilégios para as camadas superiores, migalhas para os setores de baixa renda.
"Os novos rebentos rasgam o solo ressequido do deserto, tornam este fecundo e apontam para os novos horizontes".
Em meio à escuridão se acendem pequenas luzes que brilham mais fortemente quanto mais densas as trevas, surgem iniciativas, brotos, luzes que são sinais de um patriotismo comprometido na luta pelas reformas necessárias e urgentes, em especial a reforma política.
Soa forte a palavra de Jesus: "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da lei, como o direito, a misericórdia e a fidelidade. Isto é que deverieis praticar, sem contudo deixar aquilo. Guias cegos! Filtrais o mosquito mas engolis o camelo" (Mt 23,23-24).
Nóa, cristãos, vamos para a Avenida Soares Lopes, no dia 7 de setembro, para lançar este brado que nasce da nossa fé em Jesus Cristo, que disse: "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância" (Jo 10,10).
Nosso compromisso é com a vida, em especial dos pobres e marginalizados. Sustentados pelo cântico de Maria acreditamos que o Senhor "depôs poderosos de seus tronos, a humildes exaltou, cumulou de bens a famintos e despediu ricos de mãos vazias" (Lc 1,52-53).
Ilheus, setembro de 2012
Dom Mauro Montagnoli
 Bispo diocesano de Ilhéus

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