O cantor Zeca Pagodinho percorreu ruas de Xerém, no
município de Duque de Caxias, na manhã desta quinta-feira (3), para ajudar as
vítimas da chuva que atinge várias regiões do estado desde a noite de quarta
(2). Por volta das 10h, o cantor andava com a filha pelas ruas de Xerém. Em
entrevista à TV Globo, Zeca disse que sua casa foi "mais ou menos
afetada" pela chuva.
"Estou aqui há quase 20 anos. Adoro isso aqui, meus
filhos foram criados aqui. Nunca vi algo parecido. Está triste. Lá em cima a
situação está muito ruim. Tem criança desaparecida, tem família soterrada. Tem
casa que desceu rio abaixo. A gente está aí, desde as 6h da manhã, ajudando,
mas está triste", contou o cantor, que emocionado, pede para que o socorro
seja voltado para a parte mais atingida de Xerém.
O sambista, que tem um sítio e uma casa em Xerém, abrigou o
casal vizinho Leonardo Oliveira, de 30 anos, e Raylua Cardoso, de 24 anos, e os
dois filhos, uma menina de 1 ano e 2 meses e um menino de 5 anos. A família perdeu a casa após o temporal que
atingiu o município na madrugada desta quinta-feira (3). “A minha filha menor Maria Eduarda está
chorando muito porque está preocupada com as amiguinhas que moram aqui e também
perderam as casas. Eu ajudo como posso. Abriguei este casal de amigos aqui e
tem várias crianças na minha sala”, contou o sambista em entrevista ao G1.
Zeca disse também que acordou às 6 horas da manhã para
distribuir cestas básicas e roupas nos abrigos instalados nas igrejas da
região. “Passei o Natal e o Ano Novo aqui e vou embora ainda hoje. Mas, antes
disso, a Defesa Civil precisa vir aqui para poder ajudar essas pessoas que
perderam desde as casas até alimentos e móveis. Vou estar sempre por perto para
ajudar o meu povo”, completou o cantor.
Uma pessoa morreu na manhã desta quinta em decorrência da
chuva. A morte foi confirmada pelo secretário de Defesa Civil de Duque de
Caxias, Marcelo Silva Costa. Segundo ele, o corpo de um homem foi encontrado
sob escombros provocados por um desabamento. Até as 11h, a vítima não tinha
sido identificada.
Segundo a Defesa Civil de Duque de Caxias, cerca de 200
pessoas ficaram desalojadas em Xerém. Todas foram levadas para abrigos
localizados no município. Um deles fica na Praça da Mantiqueira.
Bombeiros de três quartéis trabalham na região de Xerém.
Segundo os bombeiros, oito casas desabaram. Três pontes também foram destruídas
pela enchente. Devido à chuva, o Rio Saracuruna transbordou. Choveu 212
milímetros em 24 horas na localidade.
De acordo com a Defesa Civil do município, vários pontos de
alagamentos se formaram. Pessoas ficaram ilhadas. Alguns moradores deixaram as
casas com água na cintura, levando os pertences nas costas. Diversos veículos
foram arrastados. O bairro da Mantiqueira é um dos locais mais atingidos.
O secretário de Defesa Civil disse que ainda não é possível
confirmar o transbordamento de uma barragem na região. "Não há indício
deste fato. O rompimento da barragem não está confirmado", afirmou Marcelo
Silva Costa. Segundo ele, a chuva foi bastante significativa para provocar a
enchente na área.
"Chegamos à conclusão de que foi uma cabeça d’água,
desencadeando uma enxurrada brusca que trouxe uma grande avalanche de terra,
árvores, pedras até as casas que estavam no beira-rio”, disse Costa.
Em Angra dos Reis, cerca de 2.500 pessoas vão ter que sair
de suas casas em função da chuva. Por volta das 8h voltou a chover forte na
região e equipes da Defesa Civil retiravam as pessoas das casas. Nove imóveis
foram atingidos por um deslizamento de terra no distrito do Frade, deixando 15
pessoas com ferimentos leves.
Água invadiu casas às 3h, diz
morador
Ronaldo Barbosa, morador de Xérem, disse que a água começou
a invadir as casas por volta das 3h desta quinta-feira e chegou a uma altura de
2 metros.
"A situação está uma calamidade, muitas pessoas
perderam tudo, o negócio está feio. Fazia 50 anos que não chovia tanto",
disse Barbosa. "Na madrugada, vizinhos começaram a me ligar e avisar. Eu
não tinha visto a água subir. Como minha casa tem dois andares, começamos a
levar os móveis para o andar de cima. O térreo ficou submerso", afirmou o
morador à Globo News.
Fonte: G1
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