Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (4) mostrou que a subnutrição pode ter efeitos duradouros no organismo, mesmo que seja revertida. Uma equipe de cientistas identificou complicações até então “invisíveis” da fome severa, principalmente na flora intestinal. "As intervenções com comida terapêutica têm reduzido a mortalidade entre as crianças com desnutrição aguda severa, mas a restauração incompleta do crescimento saudável permanece um grande problema", escreveram os autores do estudo, originários dos Estados Unidos e de Bangladesh.
Eles afirmam que isto pode explicar porque crianças de países pobres ou afetados pela guerra costumam ter dificuldade de se desenvolver completamente e permanecem suscetíveis a doenças após serem tratadas. Foram analisados meninos e meninas da favela Mirpur, em Daca, Bangladesh, e os comparou com um grupo que recebeu tratamento para a desnutrição aguda severa. Seus micróbios intestinais, sobretudo bactérias que ajudam a digerir a comida e produzir certas vitaminas, foram testados antes, durante e depois do tratamento. "As crianças que eram subnutridas tinham uma comunidade microbiana imatura, ou seja, inapropriada para sua idade cronológica", explicou o coautor do estudo, Jeffrey Gordon.
Os cientistas descobriram um impulso de curta duração nas bactérias estomacais após a terapia nutricional, que se reverteu quatro meses depois da interrupção do tratamento. "Agora temos uma hipótese para seguir, a de que o crescimento saudável das crianças não é alcançado totalmente a menos que haja uma maturação adequada de sua comunidade microbiana, e os tratamentos atuais não são suficientes para produzir um reparo duradouro", disse Gordon. Os efeitos de longo prazo da desnutrição incluem doença diarreica, raquitismo, resposta reduzida às vacinas e anomalias cognitivas. Informações do G1.
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