De janeiro a novembro de 2012, a Delegacia de Pessoas
Desaparecidos registrou 930 casos de desaparecimento de pessoas no Espírito
Santo. Nesta última semana de dezembro, o G1 traz uma série de três reportagens
sobre o drama dos desaparecidos e de suas famílias e a dificuldade da polícia
em solucionar ocorrências desse tipo no estado.
A primeira reportagem da série traz o mistério do caso
‘Amanda Correia’. Segundo a polícia, um dos mais intrigantes nos últimos tempos
no Espírito Santo. A jovem de 15 anos desapareceu há exatos 135 dias,
completados nesta quarta-feira (26), em Castelo, Sul do estado. De acordo com a
família, ela saiu de casa às 18h do dia 11 de agosto e disse que iria com uma
amiga para uma casa de shows no bairro Bela Vila e nunca mais voltou.
A família tenta enfrentar as diferenças dentro de casa, além
das mudanças nos rumos da investigação. O delegado que estava à frente do caso
foi substituído. “Sem a minha filha, o cheiro da casa, o cardápio, os programas
de TV e a nossa alegria mudaram por não tê-la ao nosso lado. Ainda acredito que
tudo vai voltar a ser como era antes. Ela não me disse que amiga era essa.
Amanda tem muitas amizades e todo final de semana saía para alguma festinha,
para mim foi tudo normal e por isso não me preocupei em fazer perguntas”, disse
a mãe da jovem, a doméstica Elisa Regina Correia, de 41 anos.
O titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas, Sérgio
Mello, informou ao G1 que o sumiço da jovem é ‘intrigante’, mas a polícia nunca
deixou de investigar. “Não temos um dado concreto e a cada hora, dia, semana e
meses que se passam perdemos detalhes que podem ajudar. Quebramos o sigilo
telefônico da jovem e tivemos acesso a sua conta de telefone, com todas as
ligações recebidas e realizadas. Tudo o que tínhamos já se esgotou”, explicou.
Nos primeiros dois meses de desaparecimento da adolescente,
o delegado Robson Vieira era quem estava comandando o Distrito Policial de
Castelo. Quando respondia pela delegacia de Castelo, disse ao G1 que o caso de
Amanda foi o mais complicado de toda a sua carreira como delegado. “Faltavam
informações concretas. Todas as pessoas que se relacionavam com a jovem foram
ouvidas mais de duas vezes. Saímos várias vezes da delegacia para apurar
algumas informações no interior da cidade, e nada”, comentou.
Em setembro, Vieira disse que torpedos do celular de Amanda
foram enviados para duas amigas na noite de seu sumiço, mas as meninas apagaram
o conteúdo assim que leram as mensagens. “Elas disseram que a jovem mandou as
mensagens por volta de 0h40, já de domingo, ou seja, dia 12. O conteúdo das
mensagens era o mesmo para as duas, só não sei ao certo as palavras usadas, já
que as meninas apagaram o torpedo. Amanda disse que estava muito triste,
chorando e que tinha bebido. Segundo as meninas, a jovem não disse com quem e
onde estava”, contou Vieira ao G1 no dia 10 de setembro.
Atualmente, o delegado Marcelo Ramos está à frente do
Distrito Policial de Castelo e conduz as investigações sobre o caso da
adolescente. Por telefone, Ramos disse que está empenhado e que mantém contato
constante com a família da jovem. “Prefiro não passar muitos detalhes sobre
este caso para não atrapalhar os nossos trabalhos, posso adiantar que estamos
trabalhando forte neste assunto”, disse o então delegado do município.
Família
A mãe da adolescente já não sabe o que fazer. Para ela,
basta acreditar. “Mãe é mãe e não tem jeito, sofre no nascimento do filho,
durante seu crescimento e até a morte. Ficarei aqui, sempre acreditando que
Amanda vai chegar a qualquer momento. Esse é o meu maior desejo”, desabafou
Elisa.
De acordo com a mãe da jovem, a casa está do mesmo jeito há
três meses. Em janeiro, a família está pensando em reformar alguns cômodos da
casa, inclusive o quarto de Amanda. “Vamos colocar as coisinhas dela no guarda
roupas, colocar um plástico ou pano em cima do computador. Quando Amanda
voltar, vai encontrar tudo limpinho e arrumadinho. Estou muito ansiosa para
esse momento e aí vou voltar a ser feliz”, disse.
Serviço
Delegacia de Pessoas Desaparecidas
Endereço: Avenida Nossa Senhora da Penha, Vitória, Chefatura
de Polícia, nº 2290
Telefone: 3137 9065
Fonte: G1
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