Uma banda de forró e uma casa noturna são investigadas pela Polícia Civil de São Paulo por suspeita de exploração sexual de uma dançarina menor de 18 anos. Após três denúncias anônimas, a bailarina de 15 anos, trajando shorts curto e top, foi recolhida na última quarta-feira (10) no Recanto Jabaquara Bar, onde se preparava para mais uma apresentação. Ela ganhava de R$ 200 a R$ 300 por participação em shows do grupo musical Forró Konsiderado.
Procurada pela reportagem, a cantora Patricia dos Santos Ribeiro, de 25 anos, negou o crime e alegou que desconhecia a lei. O G1 não conseguiu localizar os donos do bar para comentarem o assunto.
Um casal, vocalista e tecladista, donos da banda, e os proprietários do estabelecimento comercial, onde ocorreria o evento, foram detidos e levados ao 35º Distrito Policial, no Jabaquara. De acordo com o delegado-titular Enjolras Rello Araújo, o caso foi registrado como exploração sexual, segundo determina o artigo 244 A da Lei 8069/90 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Os quatro suspeitos foram indiciados pelo crime, que prevê
penas de quatro a dez anos de prisão. Apesar disso, todos eles foram liberados
após prestarem esclarecimentos.
A cantora Patricia relatou que foi a mãe da menina quem
ofereceu a filha para trabalhar com o grupo há cerca de um ano, quando ela
tinha 14 anos. "A mulher nos autorizou, mas nem sempre viajava conosco”,
disse Patrícia Ribeiro. “Agora que sei que é crime ter menor trabalhando em
casa noturna, não aceitarei mais menores. A garota era a única. As demais
dançarinas são adultas”, disse.
Como os responsáveis pela adolescente não estavam presentes
na boate durante a abordagem policial, um conselheiro tutelar foi chamado para
a delegacia e levou a garota a um abrigo onde ficam outros menores de idade.
Segundo o delegado Enjolras Araújo, os pais da dançarina são separados.
A mãe da adolescente, a empregada doméstica Francilene
Cândido Batista, é investigada pela polícia como suspeita de trabalho escravo.
Questionada, ela negou a acusação de que forçava a filha a trabalhar. Também
afirmou que tenta há uma semana retirar a garota do abrigo para onde foi levada
na Mooca, Zona Leste.
“Estão dizendo que eu obrigo a menina a trabalhar na noite.
É mentira isso. Somos pobres, mas não faço isso não”, disse Francilene, que
alega desconhecimento da lei para ter permitido a filha trabalhar de madrugada.
“Como evangélica, eu não concordo, mas também ela não me
obedecia. É uma menina que está atrasada nos estudos, não gosta de estudar e
preferia dançar. Algumas vezes ela ia escondida de mim, em outras eu deixei
porque ela chorava. Nunca consegui controlá-la. Agora, se eu conseguir tirá-la
do abrigo não vou mais deixá-la dançar”, afirmou a mãe.
Na página pessoal da adolescente na internet, há postagens
de fotos dela atuando como dançarina da banda de forró. Por envolver menor de
idade, o caso será acompanhado pela Vara da Infância e Juventude. Procurada, a
assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) disse que
não pode passar informações sobre o assunto porque ele corre em segredo.
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