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Moradores de Ilhéus investem na fabricação e comércio de chocolate

A paixão por chocolate aliada ao trabalho com eventos foi o que motivou o empresário Marco Lessa a criar a sua fábrica de chocolate. Depois de pesquisas de mercado e muita vivência em festivais de chocolate no país inteiro, ele e a mulher, Luana Lessa, inauguraram, em setembro de 2013, a Chor (Chocolate de Origem), no centro de Ilhéus, sul da Bahia.
Marco acredita que a cidade do cacau é o cenário perfeito para atuação do novo negócio. O diferencial, segundo o empresário, está no acompanhamento e cuidado em todo o processo produtivo do que vai para as prateleiras da loja, que fica no mesmo lugar que a fábrica. Para que tudo saia da maneira como planejou, Marco apostou na escolha da matéria-prima do produto, o cacau.
Ilhéus é o maior produtor da fruta do país. E lá mesmo, Marco seleciona as amêndoas de cacau nas fazendas de fornecedores e as leva para uma indústria que transforma o cacau no liquor e na manteiga de cacau, usados para fazer o chocolate junto com leite e açúcar. Segundo Marco, a qualidade da amêndoa do cacau junto com a quantidade desses dois últimos ingredientes definem o teor do cacau. Quanto menos leite e açúcar, mais puro é o chocolate.
Depois desse processo, já em forma de barras, o chocolate é levado para a fábrica da Chor e usado na produção de trufas, bombons, tabletes recheados e ovos de Páscoa. "Vendemos o chocolate com 44% a 70% de cacau. A legislação prevê que, para ser chocolate, o produto deve ter ter, no mínimo, 25% de sólido de cacau (liquor e manteiga). Acabamos aliando a alquimia do chocolate fino, com o alto teor de cacau, com produtos da nossa região, como a pimenta, por exemplo", explica Marco Lessa.
De surpresa= A professora e também doceira, Dona Lina Eugênia, comercializa trufas e ovos de Páscoa há cerca de 10 anos em Ilhéus. Ela começou quando trabalhava em uma escola da cidade e resolveu experimentar o que ainda era uma novidade e brincadeira: fazer os ovos de Páscoa. "Fiz e deu certo. Alguns até derreteram porque lá era muito quente, tive que fazer.
Ovo de Páscoa da Sabores do Cacau, Bahia (Foto: Divulgação/ Sabores do Cacau)Ovo de Páscoa da Sabores do Cacau
(Foto: Divulgação/ Sabores do Cacau)
Com Dona Lina Eugênia, a produção de chocolate começou meio de surpresa. Ela começou a trabalhar com os chocolates caseiros há mais de 10 anos, quando surgiu uma demanda na escola onde trabalhava.
Hoje, Dona Lina conta com a ajuda do filho Carlos e faz da microempresa a fonte de renda da família. As produções de Dona Lina, por enquanto, não são comercializadas em grandes mercados, mas ela participa de festivais e feiras em Ilhéus e em outras cidades. A marca registrada do "Sabores do Cacau" é a inovação nos sabores. Tem de tudo. Trufas com recheio de cajá, Romeu e Julieta (queijo e goiabada).
Para produzir os bombons e os ovos de Páscoa, Dona Lina compra as barras de chocolate já prontas, derrete-as e dá forma a eles. A microempreendedora afirma que toma bastante cuidado na hora de escolher o chocolate.
“Compro as barras em um distribuidor aqui de Ilhéus que vende um chocolate mais fino, com um pouco mais de teor de cacau. A gente tem um pedacinho de terra que também planta cacau, cupauçu, limão, maracujá. Vendemos o cacau. Agora a gente quer comprar a máquina para fabricar o nosso próprio chocolate, para ficar ainda mais gostoso", disse ela, que vende as unidades em casa, por encomenda e fornece para uma loja com sede em Itacaré, e uma pequena filial em Ilhéus.
Páscoa
O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), Ubiracy Fonsêca, afirma que a Páscoa é o período mais importante para o mercado do chocolate no Brasil. "O brasileiro tem uma tradição que vem de décadas, que o leva a presentear com ovos de chocolates os seus parentes e amigos. Isso tornou o Brasil o 1º mercado do mundo na comercialização de ovos de Páscoa. Em 2013, foram comercializados 18 mil toneladas de ovos, o que equivale a 80 milhões de unidades", disse.
Trufas da Chor, Bahia (Foto: Divulgação/ Chor)Trufas da Chor (Foto: Divulgação/ Chor)
Uma pesquisa encomendada pela Abicab, e divulgada pelo Ibope Inteligência em novembro de 2013, indica que 75% dos brasileiros consomem algum tipo de chocolate. Segundo o estudo, o chocolate ao leite, que deve ter no mínimo 25% de cacau, pela legislação, é o preferido da população (58%).
Depois da Páscoa, os períodos em que mais se consome chocolate no país são, respectivamente, inverno (23%), Natal (16%) e Dia dos Namorados (11%). Para os consumidores, conforme aponta a pesquisa, o tipo de chocolate e até a embalagem são mais importantes do que a marca no momento de decidir pela compra.
Para o empresário do setor, Marco Lessa, o momento é de aproveitar o crescimento das vendas e também de ganhar clientes. "É o Natal do chocolate. Esperamos dobrar as vendas e a tendência é que a clientela aumente também. Parte desse clientes volta para comprar sempre", estima Marco Lessa.
A aposta de Marco e de Dona Lina não é só nos ovos de Páscoa, que com o passar do tempo ganharam recheios diferentes dos tradicionais ovinhos e hoje trazem mousse de maracujá, brigadeiro, dentre outros. Os bombons trufados com diferentes recheios são um dos atrativos para os clientes dos dois investidores.
A Chor aposta em uma linha que se aproxima do chocolate goumert. "A nossa preocupação não é com a quantidade e sim com a qualidade. É um produto artesanal com qualidade diferenciada", disse. Na loja, o cliente encontra tabletes de chocolate, praliné de amêndoas, crocante com ceral, trufas recheadas com caiprinha, whisky, champanhe, geléia de cacau, pimenta, paçoca, baunilha, coco e maracujá. Os valores partem de R$ 1. Os bombosn são vendidos a quilo. Os ovos de Páscoa de 500 gramas, por exemplo, R$ 90 e R$ 100.
Trufas Sabores do Cacau, Bahia (Foto: Divulgação/ Sabores do Cacau)Trufas Sabores do Cacau
(Foto: Divulgação/ Sabores do Cacau
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Trufas da Chor, Bahia (Foto: Divulgação/ Chor)Os microempreendedores receberam ajuda do
Sebrae em vários pontos, como a escolha da marca
(Foto: Divulgação/ Chor)
Empreendedorismo
Tanto Marco quanto Dona Lina, tiveram orientações de especialistas em empreendedorismo antes de montar o negócio. Ainda hoje, os especialistas do Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-BA) são parceiros dos dois microempreendedores de Ilhéus.
Dona Lina disse que os consultores do serviço deram, por exemplo, dicas sobre como usar o dinheiro recebido nas vendas, como vender, como comprar os materiais para a produção e também como estocar os produtos.
Claudiana Figueiredo, gerente da unidade regional do Sebrae, em Ilhéus, disse que foi desenvolvido um trabalho na região para fortalecer o comércio de chocolate.
"Aqui na região havia o cacau visto apenas como commodities. Todos os produtores vislumbravam apenas o trabalho de comercialização da amêndoa. Começamos a fazer planos de negócio para ver se era viável a produção de chocolate. Inicialmente, nós trabalhamos com 40 produtores rurais que começaram a estudar e fazer planos para sair da venda da amêndoa e para a produção de chocolate. O diferencial aqui é, além da amêndoa, fornecer um chocolate com teor mais alto de chocolate", disse.
Segundo Claudiana, o trabalho feito com os microempreendedores foi focado na criação do plano de negócio, análise da viabilidade econômica e financeira, mercado, marca e embalagens. Além disso, eles tiveram orientação de como administrar o negócio. O incentivo e apoio na participação de feiras e eventos, que fortalecem as vendas, também faz parte da consultoria.
A gerente regional do Sebrae destaca que Ilhéus tem um grande potencial turístico, o que ajuda a firmar o negócio no local. "Um dos grandes motivos para que não haja sazonalidade é a venda para os turistas que visitam a região (Ilhéus, Itacaré, Uruçuca e Canavieiras). Outra coisa é a rodada de negócios com outros estabelecimentos em outras regiões e redes de supermercado, por exemplo. Participação em feiras em outros estados também", conclui.

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